domingo, 27 de abril de 2025

Análise: Cânticos Calvário de Fagundes Varela

Explorando os Labirintos da Alma Romântica: Fagundes Varela e Seus Poemas de Dor Elegante

Se você acha que já viu o auge da tragédia existencial, prepare-se: Fagundes Varela veio para redefinir o conceito de sofrer com estilo. Neste post, vamos mergulhar nas camadas sombrias e dramáticas de seus versos, onde a dor não é só sentida, mas também performada como um espetáculo poético. Em uma mistura de sofrimento profundo e uma pitada de ironia, vamos explorar como os românticos transformaram a dor em arte — e como Varela, em particular, fez de suas perdas e angústias a base para algumas das mais intensas expressões de lamento já escritas. Então, pegue seu melhor traje de luto e venha conferir a tragédia sombria (mas quase teatral) de Fagundes Varela.

Uma Pequena Vitória no Meio do Caos (e da Falta de Seguidores)

Com um misto de alegria genuína e aquele assombro existencial de quem ainda não tem um seguidor sequer (um salve para mim mesmo, 27 de abril de 2025), venho anunciar: meu famigerado conto "Diário de Bordo da Central de Comando 2077" conquistou o honroso segundo lugar na antologia "Terra Devastada", da Editora Independentes!
Além da gloriosa quantia de R$170 — que, vamos ser sinceros, já tem destino certo em cápsulas de café para alimentar meus delírios criativos — essa pequena conquista sopra um ventinho encorajador nas velas furadas do meu navio de ideias absurdas.
Obrigado à editora pelo reconhecimento... e ao universo, por ainda não ter me deletado da timeline da existência.

sábado, 26 de abril de 2025

Carta a Álvares de Azevedo

CARÍSSIMO E ADMIRADISSSIMO Álvares de Azevedo,

Das profundezas do tempo — e com vinte anos a mais de poeira na alma do que Vossa Melancolia carrega — escrevo-lhe esta missiva, movido por um misto de compaixão, zombaria fraterna e uma discreta ressaca das ilusões da juventude.

Sinto-me investido da augusta autoridade de também ter sido, aos vinte anos, um miserável arruinado pelas flores murchas do amor — tal qual Vossa Senhoria, hoje, aos vossos espirituosos vinte e um.

O que me incumbe dizer talvez seja um crime contra a inspiração, pois — como rezam os bêbados e os poetas — a mais pungente beleza da arte brota das chagas da tristeza. E se, ao dizer o que direi, vossas poesias perderem metade da morbidez que as ilumina, paciência: consolo-me na esperança de salvar-vos um pedaço da vida.

Pois bem:
Sede mais ousado!
Mais insolente nas vossas paixões!
Lançai-vos como um louco faminto ao festim dos sentimentos, pois um "não" já repousa, zombeteiro, no vosso colo. O pior já é vosso por direito adquirido! Nada tendes a perder, senão as amarras da vossa tímida contemplação.

Se não conseguirdes um "sim", apenas estareis reafirmando a vossa melancólica propriedade. Mas se, por desventura das estrelas ou capricho dos deuses, arrancardes um "sim" ao coração de alguma dama — ah, então sereis, ainda que por um instante, o mais sortudo cadáver ambulante da história!

Com a negra amizade de quem já mastigou poeira e brindou à própria desgraça,

Vosso dedicado espectro,

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Microconto: a cama que era do falecido

Pouco após o entardecer de um dia indistinto, Dona Marinete, já idosa e absorta em recordações que os anos não apagaram, recolheu-se à cama de casal que por décadas compartilhara com o marido falecido. Na solidão do quarto escurecido, onde sombras pareciam mais espessas do que o habitual, adormeceu.

Mas o sono que a tomou não era reparador — era um torpor antigo, profundo, como se viesse de além das estrelas frias ou de sob as raízes esquecidas da Terra. Ela despertou, ou pensou ter despertado, e sentiu algo ao seu lado. Lentamente, virou-se — e ali jazia Seu Torquato.

Sim, ele — o vizinho morto havia mais de vinte anos, cuja presença jamais fora desejada em vida. Agora, imóvel, olhos cerrados, repousava como se jamais houvesse partido. Uma onda de horror sussurrante percorreu-lhe a espinha, não pelo cadáver em si, mas por aquilo que pairava ao redor dele — uma aura de impossibilidade, uma distorção do real.

Com a voz rarefeita por um medo ancestral, ela perguntou:

— O que o senhor está fazendo aqui?

E a resposta veio, sem movimento visível de seus lábios, como se sussurrada por uma entidade através dele:

— Eu só saio daqui... quando outro ocupar este lugar.

O quarto pareceu respirar. Um peso invisível desceu sobre o ambiente. Ela despertou com um grito silencioso na garganta — mas mesmo desperta, algo não estava certo. O lado da cama onde ele estivera parecia afundado, quente, como se algo ali tivesse repousado por horas.

No dia seguinte, sem hesitar, livrou-se da cama. Comprou um colchão de solteiro e passou a dormir num canto do quarto, afastada daquele espaço profano.

Mas nas madrugadas mais escuras, quando o tempo parece parar e o universo se curva sobre si mesmo, Marinete ouve um ranger sutil — como se as tábuas do estrado se lembrassem... como se aquilo que dorme aguardasse.

Aguardasse o próximo.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Análise: Adeus, Meus Sonhos - Álvares de Azevedo ou o Gótico Emo Original

 Agora vocês vão saber porque eu me identifiquei tanto com Álvarez de Azevedo nos idos dos meus 17 anos, não que eu fosse emo, não que eu tenha alguma coisa contra eles, mas hoje eu tenho vergonha de mim mesmo.

Então, prepare seu café mais forte, apague a luz do quarto e coloque a minha trilha sonora "Alternativa" do Spotify: vamos mergulhar nesse suspiro literário de Álvares de Azevedo, o poeta que conseguiria transformar até um parque de diversões em um velório elegante.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Relato onírico 002: Doná Diná e a casa das teias monstruosas

Visita Noturna à Mansão de Dona Diná (com um toque de aranhas e passarinhos reféns)



Hoje sonhei que estava de volta à casa de Dona Diná, a avó de dois amigos meus que já partiu dessa para uma bem mais silenciosa (espero). A casa, que já era grande nos nossos tempos de infância, agora parecia um castelo pós-apocalíptico: a fachada com seus três andares altivos e a parte de trás com dois, como se a arquitetura tivesse sido desenhada por um arquiteto indeciso. Cinco casas em uma só, porque né? Quem não quer morar com cinco versões de si mesmo?

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Relato onírico 001: Canibais no Mangue e a Catedral do Delírio

Um Mausoléu Para Meus Sonhos (e Outras Assombrações Pessoais)



Decidi fundar neste blog um mausoléu para os meus sonhos mortos. Aqui, pretendo enterrá-los com a devida pompa fúnebre — talvez até jogando umas flores de vez em quando, na esperança tola de que alguma essência se desprenda dos cadáveres oníricos e possa servir de combustível para meus contos. Ou, quem sabe, só pra não enlouquecer sozinho. (Dizem que escrever é mais barato que terapia, né?)

E, para inaugurar esta sessão necrológica do subconsciente, trago o relato de um dos meus devaneios mais recentes — uma pequena odisseia do absurdo, nascida entre o REM e o reino das trevas:

domingo, 20 de abril de 2025

Crônicas da Kripta nº1: Vampiros, Terremotos e Pauladas Divinas



Sempre fui apaixonado por quadrinhos de terror das antigas — aquelas relíquias amareladas que cheiram a mofo, nostalgia e um pouco de enxofre. No topo da minha pilha sagrada está Kripta, aquela obra-prima da RGE que assombrou as bancas brasileiras entre 1976 e 1981. Havia outras pérolas na época, claro... mas, por enquanto, estou obcecado em completar minha coleção de Kripta antes de invocar os outros demônios impressos.



E para celebrar essa jornada macabra pelas páginas esquecidas do horror pulp, começo agora uma série de dissecações — quer dizer, análises — das histórias que mais me divertem (e me inspiram a escrever as minhas próprias aberrações literárias).

A primeira vítima dessa necropsia nostálgica? Drácula, a história inaugural da Kripta nº1. Escrita por um tal Dube (provavelmente um pseudônimo amaldiçoado) e desenhada pelo brilhante Tom Sutton, com capa do nosso talentoso necro-ilustrador Walmir Amaral.

A trama é um delírio deliciosamente absurdo: Drácula chega a São Francisco em 1906, conduzido por uma sacerdotisa que, vejam só, quer converter o príncipe das trevas ao Bem (com B maiúsculo e tudo). O local era conhecido como Costa Bárbara — um caldeirão fervente de pirataria, satanismo, bruxaria e tráfico de escravas brancas. Quase um Google Maps do Apocalipse.

A coisa desanda quando uma prostituta atrai Drácula para um beco escuro — um clássico — e, prestes a receber um "beijo" nada romântico, a tal sacerdotisa surge para aplicar o juízo. Só que... bom... ela leva uma paulada acidental de uma bruxa velha e cega. Uma morte trágica, sim, mas digna de uma comédia cósmica. Antes de morrer, ela solta a profecia:
"Uma deusa não pode ser destruída sem uma terrível vingança."

E aí... a cidade treme. Literalmente. Um terremoto devastador cai sobre São Francisco. Drácula, empertigado, diz com pompa:
"Essa é a vingança de que a deusa falou!"

Ao que a bruxa, pragmática e desprovida de paciência, rebate:
"Estúpido! ... é um terremoto."

É genial. Uma sátira acidental (ou não) sobre egos imortais e forças da natureza que não dão a mínima pra mitologia pessoal de ninguém. Ainda assim, o vampirão resgata a bruxa e a prostituta e foge com elas para o único navio que sobreviveu ao desastre — porque claro, nada mais lógico.

A bordo, Drácula decreta suas vinganças com classe gótica:

  • À bruxa, que teme a morte:
    "Vais permanecer morta mais do que uma eternidade."

  • À prostituta, que teme a escuridão:
    "Vais pagar vivendo eternamente no mundo dos vampiros... o mundo das trevas!"

É o tipo de terror exagerado, dramático e deliciosamente ridículo que me faz rir alto no escuro. A morte da deusa com uma paulada é ouro puro. O roteiro caminha entre o horror e a paródia com a desenvoltura de um cadáver dançando bolero.

Os desenhos? Confusos. Cheios de sombras, riscos, texturas e expressões que variam entre o pânico absoluto e o olhar perdido de quem esqueceu o texto. Mas eu amo cada centímetro deles. São um labirinto visual que combina perfeitamente com o caos das tramas.

Fiquei tão encantado com esse festival de absurdo sombrio que estou até cogitando reescrever essa história em forma de conto — talvez ambientado no Brasil, com um toque de candomblé, um navio negreiro assombrado, e o Drácula fugindo num ferry boat do Rio-Niterói. Vai saber...

Por enquanto, deixo vocês com essa pérola gótica-trash e um convite: acompanhem as próximas análises aqui no blog. Porque rir no escuro também é um ato de resistência.

sábado, 19 de abril de 2025

Encontraram o esconderijo de Éricka Nzurá?


 

Os bravos — ou talvez apenas inconscientes — investigadores paranormais do YouTube, conhecidos no submundo virtual como Los Boy Magia, resolveram enfiar o pé na lama (literalmente) e adentrar os confins de um matagal numa zona rural que provavelmente nem o Google Maps reconheceria.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Um devaneio sombrio perdido na selva digital

Em uma daquelas noites insones — quando o sono foge e sobra só o zumbido das teorias da conspiração e o eco distante das profecias bíblicas — tive a ousadia quase profana de escrever sobre o tema. Não, não é minha área. Nem de longe. Mas como todo bom lunático que respeita sua própria insanidade, senti que precisava deixar isso registrado. Vai que, num futuro apocalíptico qualquer, alguém tropeça nesse relicário esquecido na Amazon e murmura:

"Quem foi o insano que escreveu isso? Izanagui... esse nome soa como uma maldição esquecida."

Então lá está ele: meu eBook, lançado no Kindle como quem acende uma vela num mausoléu vazio. E para minha total incredulidade (ou justiça cósmica?), no primeiro mês ele foi devorado por uma multidão... de 7 páginas. Sete. Contadas.

Se você estiver entediado o suficiente para mergulhar nesse delírio literário — e, surpreendentemente, eu achei a leitura bem divertida — aqui está o link. Mas vá por sua conta e risco. Depois não diga que não avisei.

Um dia ainda vou traduzir essa obra pro inglês, só pra descobrir se minha falta de reconhecimento é um fenômeno nacional… ou um fracasso internacional mesmo.

Pelo menos o nome do livro deveria ganhar um prêmio Nobel: 

"Criptomoeda L.I.F.E - Last Intelligence For Existence"  subtítulo "Sua vida foi monetizada".






quinta-feira, 10 de abril de 2025

Caronte, o Uber das Almas (e eu querendo uma carona)

 Numa dessas noites insones em que a realidade perde a cor e a internet vira um labirinto de promessas literárias, tropecei — felizmente, não em uma alma penada — no site Seleções Literárias. Um verdadeiro relicário para escribas como eu: apaixonados pela escrita, ligeiramente perturbados e com tendências a ver sombras onde há apenas cortinas mal fechadas.

Foi lá que avistei, cintilando como um farol no nevoeiro do submundo editorial, o concurso “Caronte”, promovido pela sempre provocadora Medusa Editorial. O tema? Uma releitura da travessia final — aquela que todos nós faremos um dia (mas com sorte, não tão cedo). A proposta é simples e deliciosamente macabra:

domingo, 6 de abril de 2025

Criação para o concurso antologia "Lendas Urbanas: E se Forem Reais?"

Certa noite, enquanto me perdia nos recantos mais obscuros da web, tropecei em uma proposta que, confesso, me arrepiou até os ossos. Um concurso de contos de terror, com a possibilidade de ter minha história imortalizada no nostálgico canal WebTV. Os anos 80 e 90 ainda vivem nas sombras do nosso imaginário, e nada mais perfeito para dar um toque de mistério e arrepios.

A descrição do concurso... bom, leia e me diga se você não sente uma leve sensação de desconforto:

"Aposto que você já ouviu alguma. Ficou surpreso? Eu também. Elas estariam no imaginário da população? Ou talvez, muito mais perto do que imaginamos? Às vezes penso que é um mistério... um bom suspense. E você, o que acha? Eu chego a crer que algumas histórias são reais, mas ao serem passadas de boca em boca, ganham uma camada de horrores adicionais. Quem conta um conto... aumenta o ponto."

E quando se fala em "aumentar o ponto", minha mente logo se perde em uma lenda urbana que já visitou os pesadelos de muita gente: A Mulher de Branco na Estrada. Uma história com mil versões, adaptada e distorcida por cada região, mas sempre com um toque de terror universal.

Agora, você me permite dar minha própria versão? Bem, segure-se, porque o que vem por aí é... inesperado.