A literatura entrou na vida de Izanagui de maneira inusitada — não por paixão à primeira vista, mas por obrigação de vestibular. Foi assim, há mais de 20 anos, que um jovem tímido e pessimista se viu enredado pelas palavras de dois autores sombrios e geniais: Álvares de Azevedo e H.P. Lovecraft. E foi nesse encontro forçado que ele percebeu: certas obrigações revelam vocações.
Na adolescência, Izanagui devorava mais de 50 livros por ano, numa busca quase obsessiva por mundos que o afastassem do trivial. Hoje, a meta é mais modesta — pelo menos um livro por mês —, mas o fogo da leitura continua aceso e insaciável.
O nome Izanagui não é um pseudônimo qualquer. É um alter ego. Uma entidade própria. Enquanto o homem por trás do nome é discreto, prático e até comum, Izanagui é o oposto: criativo, sombrio, ocultista, pessimista e dono de uma inteligência torta que não se acomoda no óbvio. A única semelhança entre os dois é a criatividade — e mesmo ela, quando passa por Izanagui, ganha tons mais escuros.
É através dessa persona que ele escreve. É ela quem fala, quem sussurra, quem invoca imagens e histórias. O autor de carne é só o médium — o que escreve, de fato, é o personagem.
Há mais de duas décadas, Izanagui tenta terminar um romance de vampiro. A história cresce, muda de forma, ri dele e se recusa a ter um fim. Enquanto isso, ele mergulha em contos e poesias inspirados em seus heróis literários: Álvares de Azevedo, Lovecraft e Edgar Allan Poe. Mistério, melancolia e finais inesperados são marcas frequentes em sua obra — embora ele admita, com ironia, que nem sempre o resultado atinge a perfeição almejada.
Com o tempo, foi construindo um repertório próprio. Hoje tem um livro de contos prontos, esperando a hora certa de emergir, e participa ativamente de concursos literários — de contos, microcontos e poesias — como forma de testar seus limites e alimentar a chama criativa.
Para Izanagui, escrever não é só paixão. É necessidade. Sua loucura — ou sua visão particular do mundo — precisa encontrar saída. E é nas palavras que essa essência sombria, sensível e inquieta encontra voz.
A carreira literária de Izanagui ainda está no início. Mas uma coisa é certa: ele não escreve para ser conhecido, e sim para revelar o que muitos têm medo de encarar. Afinal, às vezes, é no escuro que as melhores histórias se escondem.
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