terça-feira, 20 de maio de 2025

Tipos de medo #3 - Medo Existencial

Quando você acredita que Deus pode ter saído pra fazer compras



Existe um tipo de terror que não faz barulho. Ele não arrasta correntes, não aparece no espelho nem tenta abrir a porta do quarto às três da manhã. Ele apenas… existe. Silencioso, constante, e desconfortavelmente filosófico.

O medo existencial é aquele calafrio que bate quando você olha para o céu estrelado e se pergunta: “E se não tiver ninguém lá em cima ouvindo?” Ou pior: e se tinha... mas saiu rapidinho pra  fazer uma comprinha e nunca mais voltou?

Na literatura de terror, esse tipo de pavor se manifesta de forma mais sutil, mas não menos devastadora. Lovecraft construiu toda uma mitologia em torno da insignificância humana diante de um universo frio, indiferente e povoado por entidades que, se nos notassem, provavelmente nos esmagariam como insetos. Kafka nos jogou em pesadelos burocráticos onde Deus, se existe, está em outra fila. E em alguns romances modernos, o próprio vazio existencial vira o monstro — e a crise de sentido, o susto.

Não há casa mal-assombrada pior do que a mente de quem começou a duvidar do propósito de tudo. E quando você percebe que talvez o universo não tenha roteiro, o silêncio cósmico soa como a porta batendo atrás de um Criador distraído.

Se o medo do sobrenatural nos faz gritar e o medo do real nos faz correr, o medo existencial só nos deixa parados. Olhando para o nada. Tentando encontrar uma senha Wi-Fi que nunca existiu.




Nenhum comentário:

Postar um comentário