Aquele surto básico, patrocinado pela sua própria mente
Esse tipo de medo não grita. Ele sussurra. Ele questiona. Ele diz: “E se você enlouquecer de vez?” ou “E se tudo isso for invenção sua?” E, claro, o clássico: “E se ninguém acreditar em você?”
Na literatura de terror, o psicológico é um território fértil e traiçoeiro. É onde a realidade se desmancha sutilmente, onde o leitor desconfia do narrador… e o narrador desconfia de si mesmo. Shirley Jackson, Edgar Allan Poe e até Machado de Assis sabiam explorar com maestria essa espiral descendente onde o inimigo mora no espelho — e fala com sua voz.
É o medo da mente que se fragmenta. Da sanidade que escapa por entre os dedos. Da certeza que vira delírio. Não tem exorcismo, não tem detetive, não tem criatura sobrenatural. Só você, trancado num quarto onde as paredes são feitas de dúvida e o teto está prestes a desabar.
E a pior parte? Esse medo é autofinanciado. Você é a vítima, o assassino e o roteirista.
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